29 de janeiro de 2007

 

Mais uma obra por acabar em Idanha-a-Velha

A última obra realizada com patrocínio do IPPAR terá sido o mais devastador fracasso já realizado por estas bandas. Pretendiam musealizar a zona limitrofe da antiga Catedral, mas o projecto nasceu torto. Em primeiro lugar pura e simplesmente retiram um troço de uma rua à população para colocar no lugar escadas e escadinhas, nem sequer dos deficientes se lembraram. Depois o acompanhamento arqueológico efectuado no princípio era só fachada. Depois taparam todos os acessos das hortas á população que tinha de ir dar uma grande volta. Fizeram um tanque que nunca vedou a água no seu interior, hoje não tem água. A iluminação, não iluminava nada. Era constituída por focos luminosos atirados para o ar. Um dia á noite quando vinha de Alcafozes trazia a vã esperança de vislumbrar a Catedral iluminada. Qual quê. Nem se percebia o que é que ali havia. Os candeeiros nunca funcionaram. Toda esta iluminação está apagada há tempos, porquê? Não sei. Tranplantaram umas oliveiras para o largo, só que secaram todas. As raízes não cabiam nos buracos feitos para o efeito e foram cortadas. Ainda queriam que resistissem. Não acredita? Vá a Idanha-a-Velha e veja com os seus olhos.

Costuma-se dizer "quem torto nasce, dificilmente se endireita"É o caso. Esperamos pelo Colherim Dourado

Etiquetas: , ,


 

O Dr. Lopes Marcelo









Reprodução de um dos seus primeiros sobre Desenvolviemnto Regional. A reler por certos perspectivistas cá da praça

Paralelamente à publicitação (de borla note-se) aqui no Blog de estudos e trabalhos que têm tido como base realidades económicas, sociais e culturais beiroas do passado e do presente, exercícios que se estabeleceram em diversas áreas disciplinares, queremos começar a prestar homenagem a alguns dos principais obreiros regionais nesses domínios do saber.

Começamos, com toda a justiça, pelo Dr. Manuel Martins Lopes Marcelo por lhe reconhecermos uma atitude quase pioneira no âmbito dos trabalhos em prol da compreensão das dinâmicas do nosso desenvolvimento local e regional. Com efeito já desde a década de 80 que Lopes Marcelo se tem vindo a dedicar a ‘perspectivar’ (no bom sentido) futuros para a região, elaborando e publicando interessantes análises da realidade nem sempre reconhecidos e aplicados por quem de direito...

Beirão assumido, raiano, é natural das Aranhas aldeia do concelho de Penamacor, Lopes Marcelo nasceu em 1949. O autor, apesar de ocupar vai para alguns anos o cargo de Director Regional do IFADAP, tem sabido compaginar as análises locais tão tristemente reais com as virtuais de geografias oníricas muito mais alargadas. No seus estudos, porém, transparece sempre um salutar equilíbrio e uma carga reivindicativa justa e sentida.

Conhecemos o Dr. Lopes Marcelo desde a nossa juventude. Não propriamente de o ver ligado a estas coisas do desenvolvimento regional, mas como um animador e promotor cultural de excelência, principalmente na difusão do teatro e do associativismo. Recordamos, por exemplo, a criação do Grupo de Teatro Gente Nova de Castelo Branco que ajudou a lançar e a motivar tantas pessoas para os assuntos culturais. Gente então dita nova que, infelizmente, envelheceram depressa Hoje dizem ‘gerir’ os destinos de alguma da cultura e das artes albicastrenses. Pois. É pena que às vezes se esqueçam é das tais origens... Mas isso são outras estórias do peculiar campo sociológico cultural de Castelo Branco. Hoje, a acção de Lopes Marcelo é determinante em associações como o velho Club de Castelo Branco ou a Associação dos Amigos do Museu de Francisco Tavares Proença Júnior. È o seu verdadeiro motor.

O Dr. Lopes Marcelo tem igualmente desenvolvido uma atenção especial ao registo das nossas especialidades culturais mais tradicionais em textos (como «Aranhas- Ontem e Hoje” ou Beira Baixa-A memória do Olhar», etc) onde desenvolve uma interessante conjugação entre etnografia caseira ou doméstica com a nota histórica de pendor erudito. São textos que apelam à redescoberta de tempos idos e onde se cruzam sentimentos de nostalgia profunda com uma intima vontade do surgimento de uma nova modernidade para as nossa identidade colectiva.

É o seu lado humanista que aí aflora. Continue.

Etiquetas: , ,


 

Os "Jovens... Agricultores"





Trazemos desta vez à memória mais um ímpar evento que teve lugar nestas terras «de baixa densidade» como agora se diz. Trata-se de uma pequena publicação editada aquando do “2º Encontro Nacional de Jovens Agricultores, que se desenrolou nas Termas de Monfortinho entre 19 e 21 de Abril de 1985.

Não vamos editar os sumários ou fazer resumos, apenas salientar algumas coisas do que então se escreveu como por exemplo: « Verificada a nossa posição de cauda da Europa, e muito aquém de valores médios em relação ao Mundo, constataremos que urge «acelerarmos» de imediato para não corrermos o risco de descer a níveis bem perigosos para o bem estar da população portuguesa.» Era a metáfora da velocidade aplicada ao futuro dos nossos campos. Nesses tempos estava em desenvolvimento o PADAR.- Programa de Apoio ao Desenvolvimento Agrário e já se encontravam definidas as actividades prioritárias estabelecidas pelas Zonas Agrárias que contribuíssem para uma mudança de cenário da nossa Agricultura. Em 1985 as lógicas de gestão da Agricultura tinham como território de trabalho a Beira Interior (Sic). Os jovens agricultores clamavam por apoios e mais apoios. Muitos tiveram-nos.

Como seria interessante, passados que foram vinte anos, desde esse 2º Encontro, voltar a reunir a ‘rapaziada’ em Monfortinho. Era bom para todos. Para eles também que agora já não são tão jovens. As águas termais são óptimas, para o fígado, por exemplo. E sempre podiam treinar os jipes com «aceleração» comedida, claro, que isto dos problemas da agricultura são estruturais. Entretanto reparem na originalidade da representação cartográfica, numa antecipação da globalização. Fantástico. Fantástico. Em 1985 os jovens agricultores de Portugal consideravam-se «a força do presente»...«garante do futuro». O do deles foi de certeza.

O encontro de 1985 foi apoiado pelo governo civil da Guarda, pelo de Castelo Branco e pela Câmara Municipal de Idanha-a-Nova que já então era muito dada a isto dos agro-turismos.


25 de janeiro de 2007

 

Até já se perdem machados da Idade do Bronze


O insólito vai acontecendo um pouco por toda a parte. Na edição de 25 de Janeiro, O Jornal do Fundão, oferece-nos esta nota no mínimo estranha. Já se perde tudo, carros, livros, esposas, filhos, e agora até machados de bronze pré-históricos.

Etiquetas: , ,


 

Lembrança de Oliveira Marques




Penha Garcia, Beira, inícios do século XVI. O ‘outro’ PORTUGAL “PROFUNDO”.


24 de janeiro de 2007

 

FALECEU O PROFESSOR DOUTOR OLIVEIRA MARQUES




Com 73 anos, vítima de problemas cardíacos, faleceu o senhor Professor Doutor Oliveira Marques .Ficámos muito tristes com a dura notícia do desaparecimento físico do Grande Sábio da História Medieval Portuguesa. A Liberdade e a Cidadania perderam um dos seus maiores divulgadores e praticantes. Liberdade do pensar e cidadania do agir que constituíram, afinal, os grandes eixos da sua vida como pessoa e como excelente académico. Bem-haja Senhor Professor Doutor António de Oliveira Marques, por nos ter feito captar o movimento continuado da grande aventura do Homem, descobrindo outros caminhos da oficina da História, longe de datas célebres, de acontecimentos e de monumentos falsos, de perniciosos ‘heróis’. Nunca esqueceremos, e entre muitos outros títulos, a sua “Introdução à História da Agricultura Portuguesa”, a sua “ A Sociedade Medieval Portuguesa”, os seus “Ensaios de História medieval Portuguesa”, o seu Guia do Estudante...

No Volume I da 3º edição da sua incontornável “História de Portugal”, da Palas Editores de 1986, a edição tem esta dedicatória: “A António José Saraiva e ao Vitorino Magalhães Godinho de 1974”. Que tempos esperançosos não foram caro e querido Mestre Doutor Oliveira Marques. Sabem qual é a figura que ilustra a capa? Não foi um monumento daqueles que andam por aí a circular em moedas de pseudo-prata, não foi uma cara da iconografia oficial do poder o elemento escolhido. Nada disso. Foi sim, a apreensão realizada por Duarte d’Armas , nos inícios do século XVI, de uma das comunidades mais paupérrima do Portugal periférico de então: a aldeia raiana de Penha Garcia. Compreendemos a mensagem que, infelizmente, continua tão actual. Hoje, à noite a lua está em quarto minguante. Cá os do bando vamos olhar para o Céu lá para o lado da Alfa do Centauro e do Triângulo Austral. Sabemos que o “compasso” vai ter outra luz. “Je cherche l’or du Temps”, não é Mestre? Curvemo-nos diante da memória de Oliveira Marques. Memória que agora começou a sua viagem no infinito.


23 de janeiro de 2007

 

O SENHOR PADRE TARCÍSIO



«Se um católico aceitar a liberalização do aborto incorre na censura da excomunhão. (...) Se votar ‘sim’ poderá estar também a cometer um pecado mortal gravíssimo». Sabem quem é o autor desta..., digamos para não ferir ninguém, ‘antiguidade?

Nada mais nada menos que o nosso professor de Religião e Moral quando frequentamos o então ciclo preparatório em Castelo Branco: cónego Tarcísio Alves que hoje oficia em Castelo de Vide.

Se hoje somos pouco fadados para a música devemo-lo ao senhor padre Tarcísio e às suas peculiares ‘pedagogias’ musicais. O senhor padre era muito ecléctico. Além da música e da religião e moral escrevia umas crónicas de pendor histórico no jornal Reconquista, que como se sabe é propriedade da fábrica da Igreja. Já na altura não gostávamos muito das suas contribuições para a história local. A passagem do tempo confirmou-nos essas dúvidas. Com efeito, ao contrário de outros padres albicastrenses, como foi o caso do saudoso senhor padre Anacleto Martins ( a ele dedicaremos um post), as incursões históricas do padre Tarcísio possuem um diminuto ou nulo valor. Inscrevem-se, é verdade, numa antiga tradição desenvolvida por um determinado segmento da erudição católica: a cópia, a invenção, o plágio mais ou menos suave, mais ou menos lateralizado. Enfim, hoje só as lê quem quer. De entre as suas contribuições ficou célebre a edição, em meados dos anos setenta, do folheto «O Santuário de Nossa Senhora de Mércoles”, templo mariano de grande devoção albicastrense. Não imaginam a dificuldade que tem havido em modificar a opinião do colectivo face ao que aí então se escreveu. O texto do senhor padre Tarcísio passou a ‘tradição” bibliográfica local. Ainda no último ano, o vimos à venda, numa fruste reedição fotocopiada, durante a romaria. Também é verdade que só compra quem quer esta relíquia da historiografia de Castelo Branco.

Quanto à frase que inicia este post, fazemos nossas as palavras de historiador Rui Tavares, publicada, no último sábado, no jornal Público: « Colocadas no seu contexto, são ameaças sérias – caso contrário, a chantagem não funcionaria-, além de ilegais se forem repetidas em período oficial de campanha». E acrescenta: «Já agora, note-se a má-fé do cónego. O que o Código Canónico diz sobre a excumunhão «automática» pode apenas aplicar-se a quem estiver envolvido num aborto (...) e não tem absolutamente nada a ver com votar sim no referendo, até porque muitos cristãos votarão sim (...) E digo apenas má-fé porque não se pode supor tão oportuna ignorância por parte de um doutorado em Direito Canónico por Salamanca.» Cá os do bando andávamos confudidos e, sinceramante, mais a tender para a abstenção. Esta ameaça vinda do senhor cónego ajudou-nos a decidir. Bem haja senhor Cónego por nos iluminar.

Naqueles tempos da infância, o senhor professor padre Tarsício Alves também estava presente nas nossas brincadeiras. E dizíamos: «Não sejas como o padre Tarcísio que te dá na cabeça quando é ‘precisio’». É que o senhor padre quando as coisas não lhe corriam de feição tinha a péssima mania de aplicar as suas grossas falangetas nas nossas cabeças. Doeram-nos agora muito mais estas suas desbocadas palavras.


19 de janeiro de 2007

 

Perspectivismos de 2001





A brochura a que hoje se alude foi o suporte de divulgação do «documento estratégico» (sic) “Pacto para o Desenvolvimento da Beira Interior Sul”. Formado por 24 páginas, com capa plastificada e de bom papel, a publicação datada de 2001, é profusamente ilustrada com excelentes fotografias. Com efeito, se a desfolharmos pensamos à primeira vista estarmos na presença de algum roteiro turístico. Nada disso. Isto é um documento estratégico. Um Pacto para o desenvolvimento que propõe «requalificar os centros urbanos e a sua base económica, valorizar as aldeias e espaços naturais”. A inclusão das fotografias deve ter sido para reforçar a tonalidade cromática do território, diluindo o impacto e aridez dos números e das letras. É bonita, sim senhor, esta edição sobre o que é que então se queria investir nestas terras beiroas. O atraente folheto foi concebido pela empresa de design Dematos, (são dela as fotos) sedeada em... Vila Nova de Famalicão. Na contracapa lá estão os logotipos das entidades e dos fundos que pagaram a criação gráfica com a então ( o nome foi “inovado” no consulado do Dr. Barroso) Comissão de Coordenação da Região Centro, como é lógico, à cabeça.

Entre outros “perspectivismos”, a Beira Interior sul (que nesta edição corresponde a cinco concelhos: Castelo Branco, Fundão, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila velha de Ródão) é apreendida como um “espaço extenso e pouco denso, tanto do ponto de vista económico, como social e demográfico, tem registado um desenvolvimento urbano e industrial que as cidades de castelo branco e Fundão têm polarizado e, em certos aspectos e em termos locais, monopolizado” E esta: “O mundo rural, por oposição, vai-se despovoando e a sua actividade tradicional (a agricultura) perdendo importância. O quadro económico e social mostra que subsistem as debilidades estruturais comuns a outros territórios periféricos, de fronteira”. Monsieur de La Palisse não escreveria melhor... Infelizmente os textos não são assinados. Outra coisa. Neste documento oficial afirma-se a Beira Interior Sul na capa, nas páginas 3, 4, 5 e 6. A partir da página 6 o território começa a ser classificado como...Beira Baixa. Na página 13 regressa a Beira Interior Sul para na 14, voltar a Beira Baixa. Estaremos perante uma lamentável troca de disquetes? Mistérios “perspectivistas”. Mistérios, mistérios. Vale tudo? Tudo vale?

Nota à navegação

Nunca pensámos ser possível, e passe a presunção, que o ‘neologismos perspectivistas conseguissem chegar onde estão a chegar, nem os contornos que estão a assumir. Mails, telefonemas, uns anónimos, uns apoiando, outros perguntando quem é que queremos atingir e até mesmo fotocópias de relatórios de contabilidades... de tudo cá tem chegado. Ontem éramos muito poucos a interrogar. Hoje já somos mais. Quanto aos outros durmam descansados. Não se preocupem. Não vamos personalizar a tese. Respeitamos sempre os direitos de autor...


 

O Amigo Senhor Aristídes




Photobucket - Video and Image Hosting

Conhecemos as realidades arqueológicas de Penamacor vai para muitos anos. É um concelho com um enorme potencial por descobrir e por objectivar nesse domínio. Depois da fase pioneira protagonizada por Mário Pires Bento, fundador do Museu de Penamacor, a quem dedicaremos um próximo post, outros seguiram-lhe os trajectos esboçados. Também aqui houve alguns dos ditos ‘descobridores’... Mas o que interessa é que o território penamacorense é hoje incontornável nos estudos sobre, por exemplo, o processo romanizador na nossa região, sendo um dos concelhos do Distrito de Castelo Branco onde está a ser desenvolvido um dos trabalhos mais sérios no que concerne à arqueologia medieval e moderna. Parabéns à autarquia, na pessoa do vice-Presidente António Cabanas, obreiro da estratégia de desenvolvimento que conjuga a presença do passado no futuro do concelho. Do passado da investigação arqueológica e histórica, recordamos com muita saudade a organização de 5 a 7 de Outubro de 1979, do “1º Colóquio de Arqueologia e História do Concelho de Penamacor”. Foi um colóquio efervescente e muito positivo para o trilhar de posicionamentos em relação ao entendimento da presença e da função do ‘património’ nos devires da sociedade. Houve rupturas. Principalmente com aqueles que já então entendiam o património colectivo como um meio de melhoria não só dos seus mesquinhos interesses económicos mas principalmente como algo que os afirmaria na construção do Poder... Tristes ‘estórias’ que um destes dias, desocultaremos. Na ocasião apresentei uma comunicação subordinada ao tema: «Subsídios para a carta arqueológica do concelho de Penamacor até ao domínio romano”. Está recolhida nas Actas do evento e ainda hoje é referenciada apesar da sua idade. Recordamos pela sua inovação e qualidade as comunicações proferidas pelo Candeias da Silva, pela Isabel Cristina Fernandes, pelo Patrício Curado, pelo Manuel Maia, pelo Pedro Salvado pelo Manuel Leitão, entre outras. Outros tempos, outras idades, outros sonhos...
Mas hoje quem queremos evocar é um Homem cuja vida se confunde com a vida do “Museu de Penamacor”: o nosso bom amigo Aristides Galhardo Mota. Nestes tempos de especialistas, (no colóquio de 1979 então abundaram os nefastos ‘pré-especialistas em arqueologia pela Universidade de Coimbra), o senhor Aristides é um excelente exemplo de um amador como aquele que efectivamente ama, desinteressadamente, alguma coisa. Durante vinte e cinco anos o senhor Aristides organizou e conservou o espólio museológico do concelho. Natural da Covilhã, este filho adoptivo da Raia, foi taxador de transportes em Angola. A partir de 1982, abraçou a causa do património da região com uma elevada dedicação e um empenho total e exemplar. Nunca inventou nada. Sempre colaborante, do simples investigador ao catedrático de Universidade; é um autêntico guardião da nossa memória material. Outra das suas qualidades é a sua humildade e o seu afã em aprender sempre. Em 1989, O Museu de Francisco Tavares Proença Júnior de Castelo Branco, e na direcção do Dr. António Salvado promoveu com o então IPPC o primeiro Curso de Técnicos Auxiliares de Museografia, área profissional em que a região era e é, muito deficitária. Frequentei a formação e sabem quem era o aluno sénior? O Senhor Aristides. O Senhor Aristides que tudo apreendeu com fervor e que depois tão bem soube aplicar. Lemos, hoje, na edição do JF uma merecida reportagem de Jolon sobre o Senhor Aristides que se manifesta estar triste por certas coisas que aconteceram ao ‘seu’ museu. Segundo o articulista «tem razão para isso”. Da nossa parte aqui deixamos um apelo a quem de direito: Ouçam. Ouçam bem e considerem o saber deste amador de pedras, de ferros e de futuros.


Foto: Visita de estudo dos alunos do Curso de Técnicos Auxiliares de Museografia. Lá estão o Pedro Salvado, o Agostinho Ribeiro, José Barata, Drs António Salvado e António Nabais, Céu e o seu actual marido o "Fonseca de Albuquerque (desculpa Tó, mas para uma série de Amigos serás sempre ele)... e os outros onde é que andarão? Eram provenientes de sítios chegados e distantes como Castelo de Vide, Guarda, Nisa, Alter do Chão, Castelo Branco, Idanha-a-Velha, Belmonte, Covilhã, Penamacor e Mação. O Senhor Aristides não aparece porque foi ele que tirou a fotografia mas está sempre presente na nossa memória e no nosso coração.

Rosto de um folheto arrolamento das principais existências do Museu Municipal elaborado em 1995, por Aristides Galhardo Mota.

18 de janeiro de 2007

 

A "mãe" (?) dos "perspectivistas"?




Na continuação do inventário dos “perspectivismos” locais, regionais, nacionais, técnicos e académicos do desenvolvimento regional relembramos hoje o documento “Programa de Desenvolvimento da Região Centro”, editado pela então Comissão de Coordenação da Região Centro, em 1986. Trata-se de uma antiguidade, autêntica relíquia fundacional ( que não é) dos ditos cujos “perspectivismos”. Aliás esse sentido de antiguidade está bem presente na obra. Da capa, ao papel, na tecnologia utilizada na reprodução (o offset), nas formas de representação gráfica, etc. Tudo nos indícia a passagem do tempo nesta edição. Vinte anos! Interessa-nos o vol III, dedicado aos programas sub-regionais: do Pinhal, da Raia e da Serra da Estrela. Eram então estas as designações da compartimentação do território. Ora o que mais nos impressionou durante a sua leitura foi a actualidade de algumas das suas conclusões e propostas. É claro que muita coisa mudou para melhor no apelidado interior de Portugal durante estas duas dezenas de anos. Foram os anos do crescimento, do progresso ao virar da esquina, daquela perniciosa coisa do “a fundo perdido”. Entretanto a tecnocracia dos “perspectivistas” e a tecnicidade autárquica , vulgo o pessoal das câmaras recrutado nas ‘fidelidades’ partidárias foi engordando... E agora, face à realidade dura e crua é ouvi-los dizer: “Eu cá não fui. A culpa é do País que temos e do sistema. Pois, pois da prima! Ainda relativamente ao documento. Nessa época a Raia, como território de análise, englobava 11 concelhos de Meda a Vila Velha de Ródão, incluindo Guarda e Castelo Branco. Escrevia-se: «As causas desta desertificação reportam-se à existência de uma estrutura produtiva ineficaz onde a interioridade da área e a sua consequente má acessibilidade ao todo nacional são o principal bloqueio ao desenvolvimento, à inovação, à captação do investimento, e à existência paralela de elevados índices de carências sociais que, no seu conjunto, não permitem atingir os padrões mínimos de qualidade de vida de uma população”. Construíram-se as estradas. Melhoram-se as condições sociais. Em final do século XX tínhamos, por fim, direito, a água canalizada, a luz e em saber que os nossos dejectos iam por um tubo até à ribeira mais próxima. Cada vez que havia um «melhoramento” lá vinha alguém de Lisboa ou de Coimbra a descerrar a lápide. O Poder inscreve-se sempre em primeiro lugar. O senhor Presidente da Câmara vinha sempre em segundo. Que isto das hierarquias é para levar a sério quando há cacau em jogo. Mas que felicidade. Que felicidade! O respeito e o agradecimento pela dádiva que os senhores presidentes das câmaras com tanto trabalho, carinho e visão tinham tido em encher as nossas aldeias de polidesportivos e de zonas industriais, expressavam-se sempre por ocasião das eleições Tudo claro. Tudo em e a favor do Progresso. Já éramos europeus. Em 1981 viviam no concelho de Idanha-a-Nova 16 101 pessoas. E hoje? Esta é que é uma das realidades, tão bem analisadas pelo Professor Doutor João Ferreira de Almeida, pelo Professor Doutor Rui Canário, pelo Professor Doutor José Reis, entre outros que escrevem na “bíblia” do desenvolvimento do amigo Aquiles, que os “perspectivistas” da tanga não querem assumir!

Na obra mandada editar Sua Excelência o Senhor Dr. Jorge Sampaio, então Presidente da República de Portugal, gostamos particularmente do texto do senhor Doutor João Ferrão: “Reconstruir o Interior destruindo a Interioridade: para uma estratégia activa de inclusão de actores”. Como actualmente é Secretário de Estado pode começar já a reconstruir....


 

Alguns segredos para sobreviver a um ataque atómico














Na mais recente arrumação das minhas "papeladas" fui descobrir um pequeno manual, editado em 1958 pela Defesa Civil, e que em breves páginas, para além de nos ensinar "alguns segredos para sobreviver a um ataque atómico", igualmente nos elucida sobre como "Sobreviver a um ataque biológico" a "Combater incendios" e a "Aplicar socorros urgentes a vítimas".

Para além do interesse documental, este manualzinho tem um inegável valor histórico, pois estava-se a aproximar o auge da Guerra Fria.

Já agora os seis segredos para se sobreviver a um ataque atómico eram os seguintes:
1 - Procure abrigar-se;
2 - Atire-se ao comprido para o chão;
3 - Esconda a cara com os braços;
4 - Não corra para a rua logo após o bombardeamento;
5 - Não se arrisque, utilizando comida ou água existente em recipientes abertos;
6 - Não origine boatos.

De abrigos não fala, não havia nem há.
Será que estes segredos serviriam na prática? Creio que era puro devaneio.

17 de janeiro de 2007

 

Túmulo do fundador

Será que é desta que a equipa de cientistas abre o Túmulo de D. Afonso Henriques, ou é só mais um capitulo de uma novela estranha e complicada e com uma história muito mal contada?

 

Outros perspectivistas



A 13 de Maio de 1995, Idanha-a-Nova, recebia no salão nobre da sua Câmara Municipal, o encontro organizado pela ARP - Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português: “A importância das organizações locais na sensibilização para as medidas agro-ambientais e na defesa do Mundo Rural”. O desenho do prospecto diz muito quanto à persistência dos arcaísmos que sempre caracterizaram o sector primário nestas terras. O grande sol representado terá sido metáfora do girassídio dominante nos campos (como sabem é palavra que resulta de girassol mais subsídio) ou anunciava a actual desertificação ambiental? O programa que contou com ilustres palestrantes e especialistas, foi encerrado com um lanche na Quinta dos Trevos (Ladoeiro) com uma mostra e prova de produtos regionais e ou provenientes da agricultura biológica e com uma visita à quinta guiada por um representante da ADRACES e pelos proprietários.Infelizmente, pelo sabido, os bons princípios devem ter caído no canal do regadio. Acontece. Houve fotos nos jornais da terra e lá se gastaram mais umas massas a ‘perspectivar’ o mundo rural raiano.

O documento apresentado na gravura é pertencente a um particular


 

Perspectivismos e “bocas”




Apresentamos outro documento de filiação teórica ‘perspectivista’, neste caso de feição local-regional o estudo “Beira Baixa, Que futuro? - Reflexão estratégica com enfoque territorial e empresarial”. Foi mandado executar, em 2003 (portanto recente) pelo então governador civil e beirão de gema, Dr. Pereira Lopes, algum tempo antes de ter ido para Lisboa a fim de completar o Gabinete do Dr. Durão Barroso, à data ainda Primeiro Ministro de Portugal. É um documento que pela sua génese, contextualização, ideologia, nível de participação ( contámos 68, as instituições que participaram nas reuniões preparatórias) interessantíssimo. A começar pela reabilitação (?) da Beira Baixa, como território de análise, o que por si é revelador de algumas coisa. A este assunto das Beiras(altas, baixas, interiores, etc) e dos Distritos ( sub-regiões, Nuts e afins) voltaremos. Coordenado pelo Dr. Lopes Marcelo que já anda nisto do ‘perspectivar’ a região há alguns anos, na contra capa transcrevem-se declarações de Joaquim Morão, então já presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, de Carlos S. Martinho Vice-Presidente da Câmara Municipal do Fundão, de Luís veiga, Presidente do Nercab e de João Carvalho, Presidente da AE , para quem: “O diagnóstico foi, bom, mas a receita curta pois é apresentada com efeitos de longo prazo, mas é preciso ter em conta que existem problemas que têm que ser solucionados a curto prazo (...)”. Pois. De entre muitas realidades apontadas , transcrevemos algumas mais relacionadas com o pendor deste blog:

“Testemunhos das actividades de defesa, antigos castros e fortificações estrtégicas da Reconquista, surgem as Fortalezas (...) São também dignas de serem reconhecidas as torres senhoriais como a Torre de Cem Celas em Belmonte, (...). è notável o que reaprendemos com estes estudos! E nós que jurávamos que era romana. Ainda este trecho: “ Da sucinta referência às variadas expressões da vivência do carácter da nossa gente, se podem ler algumas facetas da nossa alma, enquanto Comunidade num espaço territorial comum. Contudo, aquilo que melhor caracteriza a vertente antropológica dos beirões (pág. 234) é a disponibilidade e afabilidade para o convívio, o bom acolhimento e a partilha, que a sabedoria popular sublinha: Nem mesmo à porta do céu / se bate com maior fé / Deus responde : Quem é, entre. / O beirão: -entre quem é». Ora isto, exceptuando a palavra antropológica, é um vergonhoso plágio. Temos presente o original. A ideia transmitida fez parte de um tempo já passado, quando se falava na Província da Beira Baixa durante o Estado Novo, como um reino de almas bondosas...Por respeito às instituições que colaboraram e promoveram este ‘estudo’ ficamos por aqui.

Entretanto o nosso leitor Aquiles Pinto, que como bom conhcedor que é da nossa cultura tradicional já deve ter identificado o plágio, mostrou-se algo indignado com o post dos “Perspectivistas”, sentenciando: “ Não é com "bocas" que se identificam os problemas e se chega a soluções. Nesses dias, muitos técnicos de vários sectores, tiveram a oportunidade de conhecer a região e participar nos debates promovidos pelo Senhor Presidente da República”. Concordamos. Realmente, não é com bocas que lá vamos...Mas, infelizmente, nestes assuntos do desenvolvimento (em que o património está sempre presente) e dos seus problemas e realidades, mais do que soluções o que se tem vindo a institucionalizar têm sido as ‘bocas’. principalmente as de papel. Este blog, não é um local onde se colocam ou mandam umas “bocas”. As matérias que aqui editamos resultam essencialmente da análise de matérias fisícas. Análise que provoca uma salutar interrogação. Nunca gostámos(eu e mais uns Amigos da Ribeira da Bazágueda ao Ponsul, do Zezere ao Erges) da ‘boqueirada’ em assuntos sérios como o são o desenvolvimento futuro da nossa região.” Bocas” foi a desiganção tornada comum por um conjunto de pessoas a partir do PREC, de má memória. Hoje muitos desses “boquistas” ocupam cargos de responsabilidade...O que era necessário era ‘amandar’ umas bocas para o Povo. De uma oralidade pseudo-revolucionária (do MES ao MRPP, passando pela AOC) passou-se à “boca” escrita em toneladas de papel. Eles foram os estudos, os relatórios, as análises ,os projectos, as caracterizações, as metodologias etc, etc. jazem no fundo das Câmaras e das instituições. Tudo, é claro, pago e bem pago.com dinheiro público.

Folgo em saber que esteve por cá aquando do Seminário organizado pelo senhor Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, assim como com a vinda até estas terras de “muitos técnicos de vários sectores, que “ tiveram a oportunidade de conhecer a região e participar nos debates promovidos pelo Senhor Presidente da República” Considerando a data, esta oportunidade de conhecer a região aproveitada pelos ditos técnicos deve ter sido algo de estóico. No almoço foram umas boquinhas santas. Não?

Quanto ao desafio do Aquiles. De acordo. Avancemos já: Porque é que a aplicação das políticas nacionais, associadas aos Quadros Comunitários, não tem construído um cenário de verdadeiro progresso e sustentabilidade, principalmente económica e social, para a Região?


16 de janeiro de 2007

 

Idanha-a-Velha nas Memórias Paroquiais

Ao reler o inquérito que o Marquês de Pombal mandou efectuar a seguir ao terramoto, na parte referente a Idanha-a-Velha, aparece-me esta frase a dado ponto, reveladora da existência de uma pequena comunidade estranha: "Ao presente se acha apenas com vinte moradores ou fogos: cinquenta e três pessoas de sacramento e dezassete que o não são". Deste excerto podemos tirar duas ilações.
1 - A população de Idanha-a-Velha no século XVIII (1758) ainda era mais reduzida que na actualidade, apenas 70 pessoas;
2 - Cerca de um terço dessa gente não eram pessoas de sacramento, o que quereria dizer que não estavam baptizadas.

Quem seriam seriam essas pessoas sem sacramento? Seriam crianças pequenas a quem ainda não tinha sido administrado o sacramento? Acho um número muito elevado. Então seriam mouriscos? Também não nos parece. Quanto a nós seriam quase de certeza judeus ou cripto-judeus. Lembrem-mo-nos que ainda hoje toda a zona está impregnada de memórias desse povo. O isolamento daria alguma liberdade de movimentos a esta gente. É esta a proposta de trabalho que apresento para explicar o excerto das Memórias Paroquiais.

 

Perspectivistas











É ainda dos documentos históricos aqui está outro. As actas do colóquio promovido pelo então Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, no dia 13 de Junho de 1997 em Idanha-a-Nova, subordinado ao grande tema nacional: “Perspectivas de Desenvolvimento do Interior”. Se considerarmos a real situação, não a da propaganda turística e afim, é caso para perguntar. Afinal o que é que andaram a ‘perspectivar’ nesse dia? Estava muito calor não?


 

CCR - Centro Cultural Paroquial?



Acabámos de receber a obra, coordenada por Rui Jacinto e Virgílio Bento “O interior raiano do centro de Portugal”, editada pela Campo de Letras, na colecção Iberografias, coordenada pelo Centro de Estudos Ibéricos, sediado na Guarda. São 442 páginas a ler com atenção pela qualidade das informações que reúnem e que abarcam. A ler, principalmente, por aqueles que andam por aí a alardear aos sete ventos a sua ‘especialização’ (só se for na gestão económica pessoal dos projectos) em assuntos transfronteiriços. Criado formalmente em maio de 2001, o CEI tem vindo a afirmar-se como um pólo privilegiado de encontro, de reflexão, estudo e divulgação de temas comuns e afins a Portugal e Espanha, com especial incidência na região transfronteiriça.

Ora este seria, pensava-se, um dos pilares do Centro Cultural Raiano de Idanha-a-Nova. Qual quê! Abre todos os dias é certo. Mas seria mais honesto que lhe mudassem o nome para Centro Cultural Paroquial. O CCP sempre inovava qualquer coisa na ‘pioneira’ estratégia de desenvolvimento cá para as nossa terras que se resume à quadratura do círculo. O CCP.

Nota

Retirámos este naco de prosa do site da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. É de ler pela sua antiguidade e valor documental. Para memória futura.

Situado na moderna Avenida principal de Idanha (Zona Nova de Expansão), há quem considere este centro cultural o último Castelo Raiano devido à sua volumetria sólida e granítica com poucas aberturas para o exterior, á semelhança dos que outrora defendiam povoações; mas, desta feita, é um "castelo" construído para vencer a batalha da desertificação, com um papel preponderante na dinamização cultural da região e simultaneamente, com o objectivo de fortalecer e fomentar as relações transfronteiriças.


15 de janeiro de 2007

 

Idanha-a-Velha de outros tempos


Uma imagem quase desconhecida do centro civico de Idanha-a-velha, em finais dos anos 50 inícios dos 60 do século passado, edição da Papelaria Semedo de Castelo Branco. Assim era, e deveria continuar o coração de Idanha-a-Velha, não como está na actualidade cheio de barracos rebocados e de um mau gosto apurado. Foram tempos. Mas toda a gente tem direito a ter uma habitação condigna. mas sem estragar património que é de todos. Tanto terreno que há à volta de Idanha-a-Velha e ainda não se construiu uma casa nova. Porquê? Em primeiro lugar porque os poderes públicos querem descaracterizar ao máximo a povoação, retirando-lhe valor permitindo a outras povoações deste concelho passarem à frente na monumentalidade e no património: em segundo porque ninguém quer investir em lotear algum terreno para fazer novas moradias. Idanha-a-Velha está sujeita a construtores clandestinos, arquitectos irreais, população sem sensibilidade para defesa dos valores patrimoniais, Juntas de Freguesia que não sabem nem querem trabalhar (nem têm imaginação para fazer coisas), e falta de fiscalização de quem de direito (IPA, IPPAR, Câmara Municipal, GNR, etc), obras faraónicas por acabar e descontextualizadas e investigadores que não investigam, passam tempo.
O resultado é aquele que lá está.


12 de janeiro de 2007

 

Descobridores 3: este sim tinha escrupulos

















«sobressaem, pela sua quantidade (...) as lagariças, localmente designados por lagariços » FH e VC (2007)

«Pela manhã fiz (...) uma excursão pelos arredores da Relva (visitámos uns lajedos onde há cavidades antigas, do género que os arqueólogos portugueses costumam chamar lagares.

Monsanto 15 de Agosto de ............1916

Leite de VASCONCELOS in Na Beira Baixa

“DESCONHECIMENTO”?

Nota- Para a semana seguem os ‘desconhecimentos’ epigráficos romanos


 

Escrupulosos descobridores 2














Fotografia e levantamento de 1916

«Estes atractivos (os da vila de Monsanto), porém, têm desviado a atenção dos visitantes e dos investigadores, da zona envolvente deixando no desconhecimento de importantes valores patrimoniais ali existentes» FH e VC (2007)

“As ruínas desta curiossisima igreja encontram-se em um sítio ermo, assombrado de altas estevas e sobreiros anosos, próximo de Monsanto da Beira Baixa”

F. Alves Pereira no artigo A ermida de S.Pedro de Vila-Corça” O Archeologo Portugues, Vol XXI, Lx,

1916.

“DESCONHECIMENTO” PARA QUEM?


 

Escrupulosos descobridores 1


«Merece igualmente destaque pela quantidade e variedade de achados inventariados na envolvente da capela de S. Pedro de Vir-a-Corça. O tipo de implantação e a existência de água em abundância não deve ser alheia a este facto. Pelo tipo de vestígios encontrados não se exclui a hipótese de ter existido no local um templo de época romana / e ou termas, aliás referidas nas Memórias Paroquiais de 1758.» FH e VC (2007).

Onde é que eu já ‘li’ estas hipóteses? Foi na obra “O Espaço e o Sagrado em S. Pedro de Vir-a-Corça”, de Maria Adelaide Neto Salvado, edição da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova datada de ......1993


11 de janeiro de 2007

 

Com muita dôr: Francisco Henriques o grande "inducador da classe




10 de janeiro de 2007

 

Razão da tristeza






 

Que tristeza...




Este será, possivelmente, o post que me está a ser mais difícil alinhavar. Mete coisas ao barulho que para mim ainda têm muito valor como a amizade, a solidariedade e, acima de tudo, a ética pessoal e profissional.

Não despojados de alguma razão, infelizmente, estas coisas da Arqueologia são por muitos vistas como um autêntico ninho de lacraus. E não é por se trabalhar com terra . É sim pela pluralidade de personagens que o mundo da ciência arqueológica consegue agregar. Há quem já tenha feito uma análise sociológica do fenómeno, por exemplo o Victor Oliveira Jorge. Mas essa tipologia de arqueólogos portugueses está incompleta. Não contempla um aprofundamento do objecto á escala regional contemplando o estrato mais rasteiro dominado por gente do sub-mundo que só se movem em função da soberba pessoal e dos interesses económicos . Sacaneiam tudo e todos para atingirem os seus fins. São duas as subespécies: Os senhores licenciados convencidos que lá por terem tirado o seu cursito superior são vistos nas terras e nas organizações onde trabalham? (geralmente Câmaras) como grandes sábios da ciência e os ajudantes. Adiante.

Fui surpreendido por uma reportagem que saiu hoje no semanário Gazeta do Interior onde se noticia a descoberta por parte de elementos da Associação de Estudos do Alto Tejo de 70 novos sítios arqueológicos em Monsanto da Beira. Da notícia, que incluiu declarações em discurso directo há alguns pontos que não podemos deixar passar em claro. Ainda que não tenha tido acesso ao documento acho que muitos desses 70 pontos não estão inéditos. Incompreensivelmente, os informantes fizeram tábua rasa do trabalho de outros investigadores: o caso de Félix Alves Pereira (leram?) , de Leite de Vasconcelos (leram?), de Octávio da Veiga Ferreira (leram?) , de Adelaide Salvado (leram?) e de mim próprio. O facto de os arqueossítios não constarem da base de dados do IPA, não quer dizer que estejam inéditos ou por reconhecer. É pois este clima de inverdade e de soberba que a notícia transmite com fotos das falsas descobertas. Aqui chegado, chamo a atenção para um pequeno pormenor: Sou membro da AEAT, sediada em Vila Velha de Ródão, desde que foi criada. Mais a minha Carta Arqueológica da Freguesia de Idanha-a-Velha, vizinha de Monsanto, foi editada por esta associação.

Mas esta tristeza pseudo-científica tem a sua 'estória'. Soube que um dos autores das descobertas, agora também sócio da AEAT, encontrava-se a fazer prospecções e recolhas clandestinas perto da minha área de residência. Era um híbrido entre arqueologia e etnografia. Como não tenho qualquer confiança científica na personagem, não digo que seja má pessoa, mas que é conhecido na região por andar sempre a vender objectos de todo o cariz de duvidosas proveniências (mal de quem lhas compra), comuniquei ao Carlos Banha do IPA o que se estava a passar. A personagem chegou mesmo a ser alvo de uma entrevista saída no ano passado no jornal Reconquista de Castelo Branco onde teve o descaramento de se indignar com a situação de abandono das lagariças monsantinas criticando a Câmara desse pseudo-facto. Mais tarde e como a AEAT vinha ao barulho nessa noíicia, falei com o responsável da AEAT (Francisco Henriques) do facto e dessa descabida e despropositada manipulação vindo de uma pessoa que não possui qualquer credibilidade dentro da arqueologia, da história, da etnografia e de mais uma quantas ciências.Ora, pelo agora lido, as minhas preocupações e avisos cairam em saco roto. E é com lástima que detecto o surgimento da dupla de ‘arqueólogos formada pelo Francisco Henriques, de quem já sou amigo vai para quase trinta anos, e do tal senhor. O F H nunca mais disse nada. Pudera. Afinal já estava tudo orquestrado não foi? ...Até ao dia de hoje. Dirão que a AEAT pediu licença para prospectar a zona, o que lhe foi concedido. Tudo dentro da norma. Foi um dos lados da moeda. Mas o que me magoou, tragicamente, foi tudo o que veio depois. Tudo feito à socapa e a AEAT nunca me ter dito nada. Deveria ter-me comunicado a acção já que a mesma se passava a escassos quilómetros da minha casa. Nada, e para mais sabendo eles que eu tenho vindo a produzir trabalho na zona. Mas não. O F. H. lá saberá o que andou e anda a fazer. Desde logo mandou às urtigas uma amizade que vinha desde 1975. Porquê? Por soberba? Por egoísmo? Por receio de se estar a aproveitar de trabalho alheio? Pelo medo que fosse mais alguém a ficar com os louros das ditas “descobertas”? Ou com receio que mais. Ou terá sido uma questão económica? Eticamente é reprovável! O que ele pensaria se eu fosse fazer trabalhos arqueológicos em Vila Velha sem ao menos lho comunicar? E pertencemos os dois à mesma Associação... Melhor pertencia-mos, pois é minha intenção meter o pedido de demissão o mais rápido possível, desde já esclarecendo os restantes membros desta imoral situação. È claro que os outros poderão continuar a contar com a minha amizade, solidariedade e ajuda no que for necessário. Não esqueço o meu passado de amador e quem me tem ajudado a vários níveis..


PS- Antes que apareça em parangonas de jornal a “descoberta” da vila de S. Lourenço, situada perto de S. Pedro de Vir a Corça, freguesia de Monsanto da Beira , declaro que procedi a trabalhos de natureza arqueológico no local em 1983 e 1984.


9 de janeiro de 2007

 

Uma questão canina


Continuamos a referenciar algumas ‘curiosidades’ (não gostamos da classificação mas passa) documentais do concelho de Idanha-a-Nova. Editamos, aqui, o rosto do “Regulamento do Imposto sobre Cães”, aprovado em sessão da Comissão Administrativa Municipal, a 4 de Dezembro de 1929. O regulamento fazia cumprir o disposto em decretos e portarias nacionais relativamente à presença e à circulação no espaço municipal da população canídea idanhense e da ‘estrangeira’. Eram tempos em que a raiva (a quadrúpede, claro) existia e constituía uma ameaça real para a saúde pública destas terras.

Formam o documento 9 artigos. Ele era o registo, as chapas metálicas, as multas, as mordidas e as fiscalizações que nesses tempos eram tarefa dos « empregados municipais, guarda republicana, policia, zeladores e a guardas campestres. Respiguemos uma ‘curiosa’ realidade apontada em relação ás importâncias a cobrar pelas taxas de licença, a saber: Idanha a Nova, Monsanto e ZebreiraRegisto 12$50, Rivalidação (sic) 5$00. Nas restantes freguesias do concelho – Registo 2$50 Rivalidaação 5$00.

Discriminação social canina? Agora a sério. Qual o porquê das diferentes taxas entre as freguesias? Não nos consta que então, alguém tivesse coragem de abandonar cães como é, infelizmente, um hábito cada vez mais praticado num determinado segmento do dito turismo cinegético destas terras. Já não há fiscais!


8 de janeiro de 2007

 

Quais os maiores concelhos de Portugal?

É dito, com insistencia, desde há muito tempo que o concelho de Idanha-a-Nova é o 2º maior concelho do país em área geográfica. Enganem-se os que assim pensam, a começar pelos autarcas idanhenses. A verdade tem de ser reposta, assim o ranking é o seguinte:

1º - Odemira - 1720
2º - Alcácer do Sal - 1480
3º - Castelo Branco - 1440
4º - Idanha-a-Nova - 1413

As grandezas são dadas em quilómetros quadrados e a fonte foi o site Municipalis
A verdade a seu dono e também não há mal nenhum em ser 4º ou 2º, deve ser mais ou menos a mesma coisa, e ninguém morre por causa disso.

FACTA NON VERBA
 

A arte dos trapinhos

Em saliente esforço por parte do senhor Presidente da respectiva Delegação Regional Arquitecto José Afonso ao conseguir juntar todas as entidades técnicas (IPA, IPPAR e CNART ) e administrativo-políticas (Governos Civis da Castelo Branco e da Guarda com algumas Câmaras) teve lugar na última sexta-feira uma reunião determinante para o futuro da arte rupestre existente na Beira Interior.

Trata-se de mais um projecto que “ vai passar pela impressão de um guia turístico em português, inglês e castelhano, dois DVD sobre o património existente, um de nível turístico e outro de maior pendor cultural, a colocação de sinalética e a criação de um portal na Internet” segundo do Diário XXI de hoje.

Muito bem. Venham de lá estes produtos. Não percebemos bem é do porquê de uma estrada de alcatrão unificar o projecto de divulgação da arte rupestre deste lado da Europa . A infra-estrutura é mesmo apresentada como a «espinha dorsal” do projecto. A23! Vai significar A (rte) para o século 23? Gostos admitimos. Reconheceu, entretanto o senhor arquitecto José Afonso, líder e mentor do projecto que “já há muita coisa feita, agora é preciso juntar os trapinhos, ou seja, juntar tudo o que já existe, que é muito, dentro de um projecto com sentido”. E, sabiamente, com conhecimento de causa pelo cargo público que ocupa, aponta: “Sabemos para onde queremos ir, sabemos os meios para levar a efeito este projecto e temos matéria-prima excepcional que é a arte rupestre, que é do melhor que há no mundo”. Estranhamos este etnocentrismo nacionalista aplicado a um fenómeno cultural mundial. Assim como essa da junção dos “trapinhos” na gestão desta tipologia patrimonial. Será uma inovação a entrar rapidamente no léxico dos estudos da matéria?. Atenção Martinho Batista e Varela Gomes com a trapologia aplicada à gestão da arte rupestre! A não ser que seja o ressurgir da metáfora de boda intermunicipal e peninsular. Como se anuncia na notícia, as reuniões vão contar com a presença de técnicos, nomeadamente de Castela e Leão e da Estremadura, “porque têm um património que se articula com o nosso” E para o senhor Director do IPPAR: ” A experiência tem-nos dito que os dois lados estão muito interligados”. Estiveram, estiveram. Na Pré-História, por exemplo. Hoje o afastamento é, infelizmente para nós, real. Mas lá que é bonito imaginar uma junção dos trapinhos das éguas do Vale do Côa com os cavalos de Siega Verde lá isso é.


 

Que S. Francisco nos valha













Foi, no passado dia 20 de Dezembro, apresentado o Plano e Orçamento da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. O orçamento para 2007 ascende a 21 milhões e 583 mil euros o que é uma óptima notícia para o concelho pois há que continuar a promover o desenvolvimento das nossas terras e das nossas gentes. Entretanto eis o quadro da triste ‘evolução’ demográfica do concelho. A variação entre 1981 e 2004 dá para reflectir relativamente às estratégias que aqui tem vindo a ser desenvolvidas... Mas adiante.

População do concelho de Idanha-a-Nova (1801 – 2004)

1801

1849

1900

1930

1960

1981

1991

2001

2004

3543

9844

23002

27998

30418

16101

13630

11659

10929

Não vamos, hoje, atender às obras prometidas (a palavra certa é previstas) para o corrente ano. Estradas, açudes, de arruamentos, pousadas, novo posto de turismo, etares, centros de dia, novo palco para a Feira raiana, etc, etc indica que vamos ter um ano fértil em obras. Bom prenuncio para a economia e para os empregos e empreiteiros. Ainda bem que há tanta vontade em por cá construir.

Já quanto ao Património ficámos a saber, entre outras coisas, que em Idanha-a-Velha surgirá uma apelidada “Oficina de Arqueologia” e que, na sede do concelho, a fonte de S. Francisco será reabilitada. Quanto ao primeiro projecto dá-mos já a mão à palmatória. Estávamos convencidos que esse sentido oficinal relativamente à arqueologia de Idanha-a-Velha, tinha estado sempre presente em todas as milionárias intervenções arquitectónicas e museológicas que aí ocorreram. Pois não. Agora é que vai surgir a dita cuja Oficina. Desconhecemos o projecto: é físico ou virtual? Esperemos que o seu futuro não seja o mesmo do da residência para os investigadores adoçada à muralha que está subaproveitada, apodrece metendo água por todos os lado e não serviu para nada.

Quanto à nova? fonte de S. Francisco (e dizemos nova porque essa designação não consta dos inventários mas com a qual concordamos) duas notas. Uma para recordar que a lamentável situação actual deste elemento do património construído de Idanha-a-Nova se deve ao desinteresse a que esteve votada por todos os executivos anteriores, a começar por este. Esta triste realidade, que resolvemos relembrar, foi objecto de um post no meu anterior Blog Idanhanse, pelo que de novidade não tem nada. Fui então mal entendido e vilmente atacado. Mas pelo interesse anunciado pela Câmara Municipal pelo monumento vejo que, afinal, valeu a pena...

Como alguém escreveu contra os amnésicos “A memória é a essência da História” . E também o é das ‘estórias’ mesmo as mais pequeninas.

Senhor!

Fazei de mim um instrumento da Vossa Paz.

Onde houver ódio, que eu leve o Amor.

Onde houver ofensa, que eu leve o Perdão.

Onde houver discórdia, que eu leve a União.

Onde houver a dúvida, que eu leve a Fé.

Onde houver erro, que eu leve a Verdade.

Onde houver desespero, que eu leve a Esperança.

Onde houver tristeza, que eu leve a Alegria.

Onde houver trevas, que eu leve a Luz.

Ó Mestre

Fazei que eu procure mais consolar que ser consolado,

compreender que ser compreedido,

amar que ser amado.

Pois é dando que se recebe,

é perdoando que se é perdoado,

e é morrendo que se vive para a vida eterna.

Amén.

Que S. Francisco nos valha!


5 de janeiro de 2007

 

Presenças da Idanha na Viagem














Um comentário anónimo apontou, e bem, a falta do Presidente da Câmara do concelho de Idanha-a-Nova na “corte” do poder regional reproduzida no ultimo post. Não sabemos quais as razões de tal ausência. Terá sido por poupança dos fundos da arca municipal? Pela nula representação do comércio de Idanha-a-Nova, base que sustentou a edição? Ou por desinteresse por parte do poder municipal idanhense pelo projecto editorial lisboeta? O loby turístico centrado nas termas de Monfortinho alheou-se com medo da concorrência? Mas, acalme-se, meu caro anónimo idanhense. A nossa (minha e mais uns quantos) terra de adopção não deixou de estar presente na totalidade da publicação através de um texto sobre o “Caminho de Ferro de Castelo Branco-Placência” de João Serrasqueiro, de uma nota etnográfica de Jaime Lopes Dias sobre a ‘Noite do Vitó’ da Zebreira e, ainda outro curto texto sobre a “Casa agrícola de Manuel Trigueiros Coelho de Aragão (Idanha-a-Nova), sim é este o ‘nobiliárquico’ título do artigo. Uma fotografia do ‘glorioso’ castelo monsantino e de um pastorzinho a tocar pífaro nesse cenário completam a representação idanhense. Da “aldeia mais portuguesa” ou da tão celebrada empreitada salazarista Barragem Marechal Carmona, rapidamente transformada em obra salazarenta pelos senhores latifundiários desta terra: nada . “Ai, ai adeus ó vila da idanha” cantariam, saudosamente, na década seguinte, os ganhões idanhenses a caminho dos Pirinéus. Sabemos que a viagem não foi turística...


 

Rostos do Progresso


Como não gostamos de “esquecimentos”, nem de amnésias históricas (assuntos algo incompreendidos em certo organismo museal), apresentamos os rostos estado-novistas dos obreiros políticos distritais das mudanças então sucedidas. É interessante verificar o modo da construção da imagem do poder local: Qual bandeira nacional, os senhores presidentes das Câmaras Municipais foram envolvidos por quinas e colocados na página em cruz. Trata-se de uma curiosa apropriação caseira, tão ao espirito da época, das quinas da bandeira do Estado que como se sabe simbolizam os reis mouros derrotados por D. Afonso Henriques na Batalha de Ourique. Hoje as batalhas são outras... E, se calhar, a composição seria encerrada com os logotipos dos fundos e dos programas comunitários sempre presentes nestas coisas do desenvolvimento e do progresso das nossas terras. Paz às suas almas. As dos mouros incluídas, claro.


This page is powered by Blogger. Isn't yours?