19 de janeiro de 2007
Perspectivismos de 2001
A brochura a que hoje se alude foi o suporte de divulgação do «documento estratégico» (sic) “Pacto para o Desenvolvimento da Beira Interior Sul”. Formado por 24 páginas, com capa plastificada e de bom papel, a publicação datada de 2001, é profusamente ilustrada com excelentes fotografias. Com efeito, se a desfolharmos pensamos à primeira vista estarmos na presença de algum roteiro turístico. Nada disso. Isto é um documento estratégico. Um Pacto para o desenvolvimento que propõe «requalificar os centros urbanos e a sua base económica, valorizar as aldeias e espaços naturais”. A inclusão das fotografias deve ter sido para reforçar a tonalidade cromática do território, diluindo o impacto e aridez dos números e das letras. É bonita, sim senhor, esta edição sobre o que é que então se queria investir nestas terras beiroas. O atraente folheto foi concebido pela empresa de design Dematos, (são dela as fotos) sedeada em... Vila Nova de Famalicão. Na contracapa lá estão os logotipos das entidades e dos fundos que pagaram a criação gráfica com a então ( o nome foi “inovado” no consulado do Dr. Barroso) Comissão de Coordenação da Região Centro, como é lógico, à cabeça.
Entre outros “perspectivismos”, a Beira Interior sul (que nesta edição corresponde a cinco concelhos: Castelo Branco, Fundão, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila velha de Ródão) é apreendida como um “espaço extenso e pouco denso, tanto do ponto de vista económico, como social e demográfico, tem registado um desenvolvimento urbano e industrial que as cidades de castelo branco e Fundão têm polarizado e, em certos aspectos e em termos locais, monopolizado” E esta: “O mundo rural, por oposição, vai-se despovoando e a sua actividade tradicional (a agricultura) perdendo importância. O quadro económico e social mostra que subsistem as debilidades estruturais comuns a outros territórios periféricos, de fronteira”. Monsieur de La Palisse não escreveria melhor... Infelizmente os textos não são assinados. Outra coisa. Neste documento oficial afirma-se a Beira Interior Sul na capa, nas páginas 3, 4, 5 e 6. A partir da página 6 o território começa a ser classificado como...Beira Baixa. Na página 13 regressa a Beira Interior Sul para na 14, voltar a Beira Baixa. Estaremos perante uma lamentável troca de disquetes? Mistérios “perspectivistas”. Mistérios, mistérios. Vale tudo? Tudo vale?
Nota à navegação
Nunca pensámos ser possível, e passe a presunção, que o ‘neologismos perspectivistas conseguissem chegar onde estão a chegar, nem os contornos que estão a assumir. Mails, telefonemas, uns anónimos, uns apoiando, outros perguntando quem é que queremos atingir e até mesmo fotocópias de relatórios de contabilidades... de tudo cá tem chegado. Ontem éramos muito poucos a interrogar. Hoje já somos mais. Quanto aos outros durmam descansados. Não se preocupem. Não vamos personalizar a tese. Respeitamos sempre os direitos de autor...
Se citar, coloque no mínimo o índice...
Título: Beira Interior como região de fronteira : actualidade e perspectivas / coord. F. Marques Reigado, António J. Fernandes de Matos
Autor(es): coord. F. Marques Reigado, António J. Fernandes de Matos
Publicação: Covilhã : Universidade da Beira Interior, 1999
Descrição Física: 382 p.; 23 cm
Localização: 332.1 Sem (ESGIN), 1 ex. - 93/000
Veja também... CDU 332.1
Reigado, F. Marques
Matos, António J. Fernandes de
Seminário Beira Interior como Região de Fronteira, Covilhã, 1998
O que serão NUT's? Beira Baixa, Beira Interior, não é uma questão de troca de disquetes, envolve perspectivas......conceptuais diferenciadas, que o Desenvolvimento Regional, como ramo da economia e também o Direito económico e a Geografia económica, não confundem.» É lá. Magister dixit! Pois já vai sendo hora das evocadas perspectivas conceptuais diferenciadas comecem a convergir. Mas também é verdade que é na ‘pluralidade’ analítica que estão os ganhos. Não é? E andou o Professor Doutor Simões Lopes com tanto trabalho para afinal, se resumir a coisa a citações bibliográficas. Já agora o diabo tem cornos ou não tem? Qual é a perspectiva do Direito canónico? E da geografia cultural? O companheiro Karraio é que os pesca a todos lá prá ribeira da Bazágueda....
Falando de desenho, podemos considerar, não perspectivas de fuga, mas perpectivas fugases com que se vem desenhando o quadro negro da Beira Interior, desde há uns anos a esta parte.
Um abraço e boa semana
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