27 de abril de 2006
As obras do Polis
Visitei ontem de manhã as obras do Polis que estão a decorrer nas traseiras do Palácio dos Mota, actual Arquivo Distrital de Castelo Branco.
Não discuto a urgência e a necessidade que as mesmas vão colmatar, mas discuto, isso sim, os métodos.
O palácio datado do século XVIII, possuia nas traseiras um jardim ao gosto da época com recantos, uma gruta artificial sobre um lago, escadarias em granito, para além de espécimes botânicas de algum interesse. Pelos vistos nada foi tido em conta, e o camartelo já levou quase tudo na dua frente. Não sei se foi efectuado algum acompanhamento arqueológico, mas se foi é certo e sabido que nada deve ter aparecido. Ontem para lá da devastação a que o jardim foi sujeito, andava a buldozer a deitar a baixo algumas casas ao cimo deste jardim na rua do Cavaleiro. Deitar abaixo casas em zona histórica com máquinas? Pareceu-me que da rua Nova estaria um moço novo acompanhado por um cão e vigiava os trabalhos de bem longe. Estaria esse rapaz a efectuar o acompanhemento arqueológico? Se sim, a 100 metros da acção? Ou estaria a fazer figura de corpo presente?
Já se sabe que não se pode ser jardim antigo em Castelo Branco. As superfícies do terreno cobertas com lajetas de granito são mais fáceis de manter, e até se pode dispensar algum jardineiro.
Depois da total descaracterização do Parque da Cidade, da destruição do jardim da Sé, da destruição deste, já estou a temer pelo Miradouro de S. Gens e pelo castelo.
Não discuto a urgência e a necessidade que as mesmas vão colmatar, mas discuto, isso sim, os métodos.
O palácio datado do século XVIII, possuia nas traseiras um jardim ao gosto da época com recantos, uma gruta artificial sobre um lago, escadarias em granito, para além de espécimes botânicas de algum interesse. Pelos vistos nada foi tido em conta, e o camartelo já levou quase tudo na dua frente. Não sei se foi efectuado algum acompanhamento arqueológico, mas se foi é certo e sabido que nada deve ter aparecido. Ontem para lá da devastação a que o jardim foi sujeito, andava a buldozer a deitar a baixo algumas casas ao cimo deste jardim na rua do Cavaleiro. Deitar abaixo casas em zona histórica com máquinas? Pareceu-me que da rua Nova estaria um moço novo acompanhado por um cão e vigiava os trabalhos de bem longe. Estaria esse rapaz a efectuar o acompanhemento arqueológico? Se sim, a 100 metros da acção? Ou estaria a fazer figura de corpo presente?
Já se sabe que não se pode ser jardim antigo em Castelo Branco. As superfícies do terreno cobertas com lajetas de granito são mais fáceis de manter, e até se pode dispensar algum jardineiro.
Depois da total descaracterização do Parque da Cidade, da destruição do jardim da Sé, da destruição deste, já estou a temer pelo Miradouro de S. Gens e pelo castelo.
24 de abril de 2006
Pisões (Beja)

Em Agosto de 1979 participei, pela primeira vez, numa campanha de escavações. Tal ocorreu na vila romana de Pisões (Beja). De Castelo Branco fui eu eo Zé Henriques. Como era campo de trabalho internacional, para além dos portugas do costume havia gente de Espanha, Suécia, Alemanha e Estados Unidos. Os trabalhos foram dirigidos por uma vasta equipa formada por Fernando Nunes Ribeiro, Rui Parreira, Monge Soares e João Sardica. Foi nesta ocasião que tive oportunidade de conhecer Clara Vaz Pinto e um espectáculo de rapaz que era o Manuel João Barbosa de Vila Alva e que desde essa altura nunca mais enxerguei. Era um ganda maluco.
Ara romana?

No Jardim do Paço em Castelo Branco, deparamo-nos com este bebedouro com uma forma "sui generis". Uma primeira apreciação traz-nos a ideia de uma ara romana clássica, furada a meio para colocação da canalização e fundo truncado e em parte enterrado. Será uma ara reaproveitada? Ou será um elemento arquitectónico feito para o efeito? Uma atenta análise às faces não nos deu qualquer vestígio de letras, embora isso não queira dizer nada.
Eis um enigma. Ara romana? Será?
Eis um enigma. Ara romana? Será?
21 de abril de 2006
CARTA ARQUEOLÓGICA DO TEJO INTERNACIONAL

Já lá vão mais de dez anos que saiu o primeiro volume, que por acaso era o terceiro de três da Carta Arqueológica do Tejo Internacional da autoria de Francisco Henriques, João Carlos Caninas e Mário Chambino, por volta de 1993. Algum tempo mais tarde saiu o segundo volume. Até hoje estamos à espera do primeiro volume que teima em não sair, truncando deste modo tão profíqua publicação. Não sei se os autores ainda estaram na perspectiva de editar o volume em falta ou simplesmente fica este estudo incompleto. Pelos vistos começaram a construir a casa pelo telhado.
Ânimo e que saia o volume em falta, que por acaso será o volume mais importante já que aí estão as conclusões.
Ânimo e que saia o volume em falta, que por acaso será o volume mais importante já que aí estão as conclusões.
20 de abril de 2006
Polis de Castelo Branco
Estão já a decorrer obras do Pólis na zona histórica de Castelo Branco, mais precisamente nas traseiras do Arquivo Distrital entre as ruas do Cavaleiro e a rua Nova. Tratando-se de uma zona deveras melindrosa (pode estar aí situada a antiga judiaria albicastrense), permitimo-nos alertar quem de direito e os cidadãos em particular para os riscos que tal operação acarreta. Deus queira que pelo menos haja acompanhamento arqueológico sério.
Mas, já estou a temer e a tremer.....
Mas, já estou a temer e a tremer.....
Epigrafia portuguesa de Castelo Branco 2

Este exemplar de epigrafe com letra gótica, é também proveniente da Igreja de Santa Maria do Castelo. Reconheço que eu não sei ler letra gótica, por isso não sei o que o letreiro diz. Bem, a inscrição também não ajuda muito, devido aos mau tratos sofridos. No entanto se eventualmente, algum leitor for capaz de sacar alguma coisa à pedra, podia dizer-me alguma coisa. Mesmo assim esta é das inscrições melhor conservadas desta capela. No meu registo fotográfico constam 22 inscrições ou fragmentos.
A sério que esta igreja necessitava de um restauro em condições, mas sem destruirem as inscrições. Mas penso que nem classificada está a qualquer nível, o que é uma pena.
As elites albicastrenses assoviam para o lado, não deve ser nada com eles, infelizmente.
A sério que esta igreja necessitava de um restauro em condições, mas sem destruirem as inscrições. Mas penso que nem classificada está a qualquer nível, o que é uma pena.
As elites albicastrenses assoviam para o lado, não deve ser nada com eles, infelizmente.
19 de abril de 2006
Ranger, o cão guarda do Museu


Fotos de António José Veríssimo Teixeira Bispo a quem agradeço a sua cedência
O Ranger foi o guarda do Museu Francisco Tavares Proença Júnior com maior tempo de serviço. Basta dizer que possuia horário continuo, 24 por 24 horas. Era um cachorro inteligente, mas que impunha cá um respeitinho. Não gostava de um funcionário porque quando era pequeno fora por ele sovado. Gostava das crianças, mas nem todos os visitantes eram do seu agrado. Era vê-lo ladrar ao pé das grades quando no exterior passavam ciganos. Hoje diriam que o bicho era racista, mas ele lá teria as suas razões. Viveu muito tempo e morreu tranquilamente no local onde sempre viveu, no Museu. Eu vim morar e trabalhar para Idanha-a-Velha e o Ranger ainda durou mais algum tempo. Contaram-me que nos últimos dias de vida, o cão já mostrava que o irremediavel iria acontecer, então o Director mandou abrir uma cova no logradouro do Museu para lá ser enterrado o Ranger. Diligentes os funcionários aprontaram a cova dias antes do desfecho final, mas inteligente como era, o Ranger foi morrer dentro dela, foi só enterrá-lo.
Esta é a minha homenagem e a minha memória do Ranger.
O Ranger foi o guarda do Museu Francisco Tavares Proença Júnior com maior tempo de serviço. Basta dizer que possuia horário continuo, 24 por 24 horas. Era um cachorro inteligente, mas que impunha cá um respeitinho. Não gostava de um funcionário porque quando era pequeno fora por ele sovado. Gostava das crianças, mas nem todos os visitantes eram do seu agrado. Era vê-lo ladrar ao pé das grades quando no exterior passavam ciganos. Hoje diriam que o bicho era racista, mas ele lá teria as suas razões. Viveu muito tempo e morreu tranquilamente no local onde sempre viveu, no Museu. Eu vim morar e trabalhar para Idanha-a-Velha e o Ranger ainda durou mais algum tempo. Contaram-me que nos últimos dias de vida, o cão já mostrava que o irremediavel iria acontecer, então o Director mandou abrir uma cova no logradouro do Museu para lá ser enterrado o Ranger. Diligentes os funcionários aprontaram a cova dias antes do desfecho final, mas inteligente como era, o Ranger foi morrer dentro dela, foi só enterrá-lo.
Esta é a minha homenagem e a minha memória do Ranger.
18 de abril de 2006
Epigrafia portuguesa de Castelo Branco 1

.S.DOSE
RDEIRO
SDEFIL
IPEVAZ
RDEIRO
SDEFIL
IPEVAZ
Teresa Júdite Gamito

Conhecia a Professora desde o IV Congresso Nacional de Arqueologia de Faro em 1980, troquei com a mesma a seguir alguma correspondência e tive a honra de a receber no Museu de Francisco Tavares Proença Júnior, quando a mesma se lá deslocou a meu convite para apreciar as cerâmicas estampilhadas da Idade do Ferro do Monte de S. Martinho. Na actualidade já há alguns anos que não via a Professora Teresa, mas acompanhava pela Internet as suas actividades na Universidade do Algarve.
Aos familiares e às Instituições a que estava ligada envio um sincero e sentido pedido de condolencias.
Não somos nada
17 de abril de 2006
Proença-a-Velha
Proença-a-Velha é uma das terras mais antigas do concelho de Idanha-a-Nova. Os vestígios mais antigos são do tempo dos romanos, atestados em algumas inscrições e restos materiais que aparecem nos campos ao redor. A proximidade à Civitas Igaeditanorum, por certo foi um motivo para tal antiguidade. Hoje ambas estão definhando.
Em Proença-a-Velha as antigas tradições pascais têm sido revitalizadas atraíndo hoje em dia já bastantes forasteiros.
São motivos de visita a Misericórdia, a Matriz e a capela do Senhor do Calvário de onde se tem uma vista admiravel, conforme a foto não nos deixa mentir.
Proença-a-Velha é ainda possuídora do segundo maior contingente de epigrafia portuguesa do concelho de Idanha-a-Nova, a seguir à sede de concelho, mas infelizmente a proposta que apresentamos à Junta de Freguesia para publicação desse conjunto foi esquecida pela autarquia, pois há mais de um ano que esperamos por resposta. Não lhes deve interessar este género de cultura. Ou então estão esquecidos...
Em Proença-a-Velha as antigas tradições pascais têm sido revitalizadas atraíndo hoje em dia já bastantes forasteiros.
São motivos de visita a Misericórdia, a Matriz e a capela do Senhor do Calvário de onde se tem uma vista admiravel, conforme a foto não nos deixa mentir.
Proença-a-Velha é ainda possuídora do segundo maior contingente de epigrafia portuguesa do concelho de Idanha-a-Nova, a seguir à sede de concelho, mas infelizmente a proposta que apresentamos à Junta de Freguesia para publicação desse conjunto foi esquecida pela autarquia, pois há mais de um ano que esperamos por resposta. Não lhes deve interessar este género de cultura. Ou então estão esquecidos...
12 de abril de 2006
Recuperação da torre de Ródão

Aos meus Amigos e Leitores Boa Páscoa é o que desejo do fundo do coração. Até para a semana.
11 de abril de 2006
Rei Wamba. Espaço e memória

10 de abril de 2006
O rei Wamba e a Egitânia


Em 1977 saiu à estampa o que é para mim o melhor guia das ruínas de Idanha-a-Velha da Autoria de D. Fernando de Almeida. Recordando tal publicação, encontrei esta referência ao rei Wamba, patrono deste Blog. As fotos apresentadas são retiradas desse opúsculo, salvo a mais recente.
"Segundo a tradição, o rei visigodo Recesvinto morreu em Gertigos, em 672, não longe da Idanha, lá para os lados de Salamanca. Reunida imediatamente a "aula régia", foi Vamba eleito sucessor do rei. Estava ele na Egitânia, sua terra natal, onde uns enviados da corte o procuraram para lhe participarem o facto. Não acreditou e não quiz aceitar o pesado encargo. Ameaçado de morte se não quizesse o trono, não se perturbara e teria dito que só aceitaria a coroa se essa fosse a vontade de Deus! E para tal se certificar, pegou numa vara de freixo, espetou-a no chão e exclamou: «Se é verdade que Deus quer que eu seja rei, prove-o fazendo voltar as folhas a verdejar nesta vara que também deverá tomar raízes»!! E imediatamente o milagre se consumou!" ( D. Fernando de Almeida, Ruínas de Idanha-a-Velha, Lisboa, 1977, p. 18-19)


Duas fotos distânciadas no tempo por cerca de 30 anos que mostram o chamado "Palácio do rei Wamba" em Idanha-a-Velha. Palavras para quê...
"Segundo a tradição, o rei visigodo Recesvinto morreu em Gertigos, em 672, não longe da Idanha, lá para os lados de Salamanca. Reunida imediatamente a "aula régia", foi Vamba eleito sucessor do rei. Estava ele na Egitânia, sua terra natal, onde uns enviados da corte o procuraram para lhe participarem o facto. Não acreditou e não quiz aceitar o pesado encargo. Ameaçado de morte se não quizesse o trono, não se perturbara e teria dito que só aceitaria a coroa se essa fosse a vontade de Deus! E para tal se certificar, pegou numa vara de freixo, espetou-a no chão e exclamou: «Se é verdade que Deus quer que eu seja rei, prove-o fazendo voltar as folhas a verdejar nesta vara que também deverá tomar raízes»!! E imediatamente o milagre se consumou!" ( D. Fernando de Almeida, Ruínas de Idanha-a-Velha, Lisboa, 1977, p. 18-19)


Duas fotos distânciadas no tempo por cerca de 30 anos que mostram o chamado "Palácio do rei Wamba" em Idanha-a-Velha. Palavras para quê...
6 de abril de 2006
Museu de Castelo Branco. O catálogo de 1980

Já lá vão 26 anos sobre a publicação do catálogo do Museu de Francisco Tavares Proença Júnior, da autoria do Director na altura, Dr. António Forte Salvado, com quem tive a felicidade de trabalhar por algum tempo. Ficamos a saber que na altura o Museu possuia no rés do chão 10 salas de exposição (2 de arqueologia, 1 sobre a arte rupestre do Vale do Tejo, 1 sobre armaria, 1 sobre cerâmica artística e as restantes contendo epigrafia romana, portuguesa e elementos arquitectónicos de épocas diversas. No 1º andar possuia objectos em exposição na galeria, na capela e respectiva sacristia, sala de etnografia, duas salas de exposição permanentes de colchas de Castelo Branco, sendo as restantes 9 salas recheadas de pintura, panos de arrás, mobiliário, e outra arte decorativa que abarcava desde o século XVI ao XIX. Por fim existia o Salão nobre onde sempre havia exposições temporárias e uma pequena sala de arte moderna.
Para além das salas de exposições o Museu ainda era composta por uma sala para recepção de visitantes e onde era possível se adquirir publicações e algum artesanato, gainetes vários (direcção, secretaria, biblioteca, arqueologia, marcenaria, salas para confecção de colchas, reservas várias).
Hoje o Museu está diferente, mas não para melhor. As obras a que foi sujeito, para além de descaracterizarem o interior do edifício, desfizeram o percurso que muito naturalmente era efectuado. A maior parte das colecções estão em reserva. A arqueologia está pouco representada com uma infima parte da colecção do fundador. A etnografia foi banida assim como a epigrafia portuguesa. Ganhou nalguns aspectos, caso das instalações para a biblioteca, para a recepção, arrumos e gabinetes. O que verdadeiramente se perdeu foram os espaços expositivos mais ligados à população em geral. Em suma devo dizer que este não é já o meu Museu, aquele que eu tanto amei e que no fim tão mal me tratou. Mas não fêz mal, porque eu gostava dele na mesma, com a mesma paixão. Tantas saudades.....
Para além das salas de exposições o Museu ainda era composta por uma sala para recepção de visitantes e onde era possível se adquirir publicações e algum artesanato, gainetes vários (direcção, secretaria, biblioteca, arqueologia, marcenaria, salas para confecção de colchas, reservas várias).
Hoje o Museu está diferente, mas não para melhor. As obras a que foi sujeito, para além de descaracterizarem o interior do edifício, desfizeram o percurso que muito naturalmente era efectuado. A maior parte das colecções estão em reserva. A arqueologia está pouco representada com uma infima parte da colecção do fundador. A etnografia foi banida assim como a epigrafia portuguesa. Ganhou nalguns aspectos, caso das instalações para a biblioteca, para a recepção, arrumos e gabinetes. O que verdadeiramente se perdeu foram os espaços expositivos mais ligados à população em geral. Em suma devo dizer que este não é já o meu Museu, aquele que eu tanto amei e que no fim tão mal me tratou. Mas não fêz mal, porque eu gostava dele na mesma, com a mesma paixão. Tantas saudades.....
5 de abril de 2006
Renascer

Por motivos pessoais encerrei o Blog Idanhense, onde desenvolvi intensa actividade, nem sempre bem entendida durante mais de dois anos. O modelo do Idanhense também já estava gasto e já me via com sérias dificuldades em arranjar notícias novas. Com este novo Blog, quero tirar partido da experiência adquirida com o Blog anterior e relançar de forma positiva e com diálogo e cooperação, a discussão de vários temas culturais da região. Aos leitores que me enviaram a sua solidariedade o meu bem haja de todo o coração. Aos outros... paciência.