17 de junho de 2007

 

Roteiro do Museu de Francisco Tavares Proença Júnior: algumas impressões rápidas

Já tinha avisado que iria colocar neste espaço alguns comentários acerca do novel roteiro das colecções do Museu Albicastrense. Aliás trata-se de uma publicação que fala muito pouco das colecções. Como tal o título acho que deveria ser outro. Aliado a este facto, verifica-se uma tentativa de apagar da história do Museu períodos muito bem localizados, como sejam as directorias de António Elias Garcia, António Salvado e Clara Vaz Pinto. Sim porque as obras são sempre associadas aos dirigentes que às vezes mesmo tendo pouco a ver com elas. Fala-se demasiado em D. Fernando de Almeida e do seu "reinado" quase o pondo no top. Mas esquecem-se as autoras que corresponde a este período o mais negro da vida do Museu. Sim porque, anteriormente, e para além das enormes dificuldades porque o Museu passou, nunca se assistiu ao descontrolo e aos roubos (talvez "desvios") que nunca ficaram bem explicados, melhor sempre ficou no ar uma certa suspeita no ar, mas eram outros tempos. O descontrole chega ao ponto de se fazerem permutas(?) entre epigrafes de Idanha-a-Velha e Castelo Branco, em suma um farrobodó. Aparentemente, este é o periodo a que as autoras mostram a sua predilecção. Não fazem apontamento das dificuldades sem fim sentidas pelo Tenente-Coronel Elias Garcia que anos a fio foi aguentando o Museu aberto e com alguma dignidade recorrendo á sua carteira. De António Salvado nem é preciso falar muito, basta ir à imprensa regional e nacional. De Clara Vaz Pinto também se fala pouco (os nomes destes directores nunca são citados nesta obra que possui um capítulo dedicado à história do Museu), talvez por outras razões.
Aliado a todo este panorâma as ausências e as imprecisões. Não sabia que o Museu tinha tutelado o Castelo de Castelo Branco. Que se saiba o Museu tutelou os castelos de Belmonte, Belver, Amieira do Tejo, convento da Flor da Rosa e a estação arqueológica de Idanha-a-Velha. Já agora Belmonte não pertence ao concelho da Covilhã como deixa transparecer as legendas de certas fotografias. Outra expressão que ainda estou por entender é essa de espólio de "ferreiro" referindo-se aos materiais da Idade do Bronze de Castelo Novo.
E minhas senhoras o que se passa com a epigrafia portuguesa? O constante esquecimento desta colecção começa a preocupar este amante da mesma.
O facto de haver uma errata sobre a identidade das autoras dos capítulos é sinal que não sei interpretar.
Mas como numa moeda, em que existem duas faces, também tenho a dizer algo do que gostei neste roteiro. E são duas. O capitulo sobre as tecnologias do linho e da seda e as fotos que são soberbas.

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Comments:
Pelos vistos não era necessário um catálogo, mas sim um artigo científico e isento sobre a história do Museu. Porque não o escreves? Acho que seria um grande contributo para a compreensão da história local.
 
É uma ideia Ricardo.
 
Batista ao ler o teu post sobre o novo roteiro do Museu, pensei na coincidência de ter escrito no meu blog, um pequeno post sobre o Paço Episcopal de Castelo Branco, tendo como referencia o antigo Roteiro do Museu.
Quanto ao referido roteiro de que falas, quero dizer-te que já o tive na mão, porém como me pediram 10 euros por ele não o comprei, pois o dinheiro não dá para tudo.
Sobre o seu conteúdo não faço a mínima ideia!
Mas a ser como tu dizes, das duas, uma…
1º - Ou existe uma tentativa de branquear as décadas de 70 e 80, (e lembraria aqui as publicações sobre arqueologia feitas pelo Museu nessas décadas, das muitas lembraria um em particular: Epigrafia lusitana - Romana do Museu Tavares Proença Júnior), ou quem escreveu o roteiro desconhece por completo os 97 anos de história do Museu Francisco Tavares Proença Júnior na área da arqueologia, (e então mais vale dedicar-se á pesca). E quero acreditar ser este o caso.
Lembraria igualmente a montagem do solo de habitat sobre o Paleolítico, ou ainda a sala sobre a Arte Rupestre do vale do Tejo, e dos milhares e milhares de jovens estudantes que ali se deslocavam em aulas de estudo sobre arqueologia, (aqui faço um aparte: quantos jovens ali se deslocam hoje para ter essas aulas?), muito mais poderia acrescentar uma vez que ali trabalhei 30 anos, mas vou ficar por aqui, para já.
2º - Ou então o período de tempo entre, 1975 e 1989 nunca existiu, e tudo o que ali se passou nesse espaço te tempo, foi apenas um devaneio cultural imaginado e nunca vivido pelos albicastrenses.
 
Essa do 'espólio de ferreiro' é de autoria da srª.licenciada arqueóloga
Adalgisa Patricia Leitão Dias que é funcionária da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.
 
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